A publicação é resultado do 2º Colóquio do grupo de pesquisa mARTE [( http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/2948180553596863 ], sendo o primeiro encontro presencial no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), em Salvador, entre os dias 10 e 12 de agosto de 2022, com o apoio direto do curso de Museologia da UFBA e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade de Brasília.  O grupo mARTE criado em 2020 objetiva o estímulo, o fomento e a difusão de pesquisas que interseccionam as áreas de Artes Visuais e Museologia, a partir do conceito de Musealização como gesto situado em camadas de temporalidades e espaços, entre a produção artística e os processos institucionais de preservação, pesquisa e comunicação de obras e narrativas, apresentando assim as trajetórias inscritas nas instituições. 

 

No 2ºMARTE – Colóquio Musealização da Arte, o tema proposto “Como sonham os acervos?” traduziu outro questionamento: "como os processos de musealização afetaram, afetam e afetarão práticas e políticas de aquisição em diferentes instituições museológicas?”. Este foi o mote central para as discussões deste colóquio do GP mARTE: a constituição, a consolidação, a preservação, a extroversão, a gestão de acervos públicos e privados de arte. O evento focou na interdisciplinaridade entre a Museologia, as Artes Visuais, a História da Arte, a Conservação e as Ciências Sociais, por meio da produção de conhecimento entre pesquisadoras, endossando a relação de diferentes áreas como parte dos processos e métodos realizados por especialistas que atuam em âmbitos museais e museológicos. 

 

A metáfora do “sonho” se abriu para o desejo de compreender o presente-futuro, respeitados os contextos históricos singulares de cada coleção e instituição, dos acervos e seus protocolos de atuação, apresentados por pesquisadoras em diferentes contextos institucionais, numa perceptível atuação colaborativa entre universidades, centros culturais, museus e outras instituições dedicadas a produzir conhecimento. Na mesma direção, consideramos que toda formação de acervo tensiona sua própria prática, ou seja, afeta o que consideramos ser ou não arte, num amplo processo de negociações e ações. 

 

Alguns anseios relacionados aos acervos museais e às coleções públicas e particulares são recorrentes.  Existe o sonho da expansão contínua, com o ingresso de componentes que venham a enriquecer ou problematizar o conjunto reunido; o sonho de se manter relevante ao longo do tempo; o sonho da longevidade. Um sonho mais conturbado ― ou um pesadelo, em alguns casos ― envolve a captação de recursos financeiros, seja por meio das esferas de governo ou de parcerias e patrocinadores. Estamos até aqui mencionando sonhos mais atinentes aos gestores de instituições do que propriamente aos acervos. Tais aspirações podem ser alteradas quando ocorre a sucessão desses cargos ou a mudança de atribuições.  

 

Assim, o segundo colóquio do GP mARTE discutiu processos museológicos que afetam os processos de acervamento e a consolidação da discussão sobre como os museus são espaços privilegiados não apenas para veicular narrativas que consolidam nossa compreensão de arte, mas como espaços de atuações profissionais dedicadas à preservação. 

 

Espera-se com esta publicação a compreensão de que os acervos não são apenas lugares de arquivamento, mas também espaços de conhecimento, de constituição de distintas práticas sociais, importantes para a circulação da produção artística, crítica e historiográfica dedicada às artes visuais em suas várias dimensões. Portanto, a discussão sobre os processos museológicos em relação ao acervo tem como ponto fundamental a reflexão sobre o papel do acervo para o desenvolvimento da instituição e de seus processos, viabilizando adaptações e atualizações conforme as necessidades e os desdobramentos de negociações e de discussões com os grupos sociais e a musealização de objetos e obras. 

 

Ebook "Como Sonham os Arquivos?"